jueves, 2 de julio de 2015
Pange Lingua
Santo Tomás de Aquino (Rocca Secca, 1225/1227 – Fossa Nuova, 7 Março, 1274) tinha uma vocação eminentemente filosófica, e não de atividade externa. Ele percebeu que deveria, de acordo com a sua luz primordial, dedicar-se à Teologia e à Filosofia. Mas declarou que, além da capacidade para esses estudos, sentia certa inclinação artística. Quem quiser disto se certificar, basta ouvirr o hino Pange lingua, que contém as estrofes do Tantum ergo, composto por ele. Ele percebia sem dúvida que sua vocação não era a artística – a de compor hinos sacros ou grandes poesias, para as quais estava capacitado –, mas a de se dedicar completamente à Filosofia e à Teologia. E isso se entende. O homem tem dois impulsos fundamentais – que os franceses chamam de “élans”. Por um lado, ele deseja o maravilhoso, porque no católico vive um sonho que não é uma fantasia nem mera poesia. Trata-se de uma visão das coisas movida pela Fé. A virtude teologal da Fé impulsiona o voo da alma desejosa de atingir esse sonho maravilhoso. É, portanto, algo que põe em movimento os melhores aspectos da alma. Por outro lado, o homem vê que esse mundo com maravilhas entretanto não é maravilhoso. Não é o Paraíso. Ao contrário, é uma terra de exílio. Então, o homem procura se acomodar ao mundo e às coisas como são na realidade, recorrendo ao bom senso. Porque o bom senso procura ver a realidade ao pé da letra como ela é, mas sem renunciar ao maravilhoso que a alma procura. Assim sendo, quando a alma católica tem esses dois impulsos bem ordenados, ela consegue resolver superiormente com bom senso os problemas concretos, porque está inspirada no maravilhoso. E quando se apresenta a ela um problema maravilhoso, ela voa sem ter nostalgia da realidade mais baixa. Essa excelência da alma se vê no caso citado de São Tomás. Ele era chamado de “boi mudo” porque era plácido, calmo, terra-a-terra. Porém, nessa calma de boi brotavam voos de águia. E essa perfeição pode se apalpar no hino “Pange língua” que ele escreveu:
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